Inadimplência dos FIDCs sob controle: o que o estudo da Liberum Ratings ensina sobre a maturidade do mercado

Dados apontam atraso inferior a 5%, mesmo com juros altos. Qual a explicação para essa estabilidade?
Inadimplência sob controle: o que o estudo da Liberum Ratings ensina sobre a maturidade dos FIDCs
Nos momentos em que o mercado está tensionado — seja por juros altos, pressões macroeconômicas ou incertezas políticas — é natural que investidores e gestores voltem os olhos para um indicador-chave. Por isso, a inadimplência dos FIDCs ganha ainda mais relevância.
No universo dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), esse número tem se mantido surpreendentemente estável, mesmo sob condições de estresse monetário. Um estudo da Liberum Ratings, com base em 97 fundos e mais de R$ 13 bilhões em PL em recebíveis comerciais, ajuda a explicar por quê. Os dados analisados são referentes a maio de 2025.
Mais do que dados frios, o levantamento revela um retrato de um setor que amadureceu e que está aprendendo a fazer gestão de risco com inteligência e profundidade.
A inadimplência está baixa. Mas por quê?
Em abril de 2025, o índice médio de inadimplência de títulos com vencimento em 30 dias era de 5,17%. Para vencimentos de 60 dias, 3,92%. Em prazos maiores, a taxa cai ainda mais.
Em comparação com os números de setembro de 2023, quando os atrasos chegavam a 9,5% (30 dias) e 8,4% (60 dias), o recuo é evidente.
Assim, essa queda não é aleatória. Segundo Décio Bapttista Santos, sócio da Liberum Rating, a explicação está menos no ambiente macro e mais no que os FIDCs têm feito internamente:
“A estrutura operacional dos fundos melhorou. A governança está mais rígida. Muda só se houver um choque externo muito severo.”
O que está por trás dessa resiliência?
1. Critérios mais exigentes de seleção de ativos
Comitês de crédito nos FIDCs estão cada vez mais rigorosos. Não é qualquer cedente que entra. Assim, mesmo com o crédito nos FIDCs sendo mais acessível do que em bancos, a triagem é criteriosa o que reduz drasticamente o risco de inadimplência sistêmica.
2. Pulverização que protege
Há FIDCs com mais de 1.400 sacados e 350 cedentes. Essa diversificação por si só dilui a exposição a eventos isolados e confere robustez ao fundo.
3. Adoção de métricas de performance por cota subordinada
Muitos gestores têm passado a monitorar o desempenho das cotas júnior, já que são as primeiras a absorver prejuízos. Se essas cotas entregam ganhos consistentes, o fundo se mostra saudável.
O que isso ensina ao investidor e ao gestor?
O estudo da Liberum reforça que inadimplência baixa não é acidenta, é o resultado de uma estrutura bem desenhada, governança presente e decisões baseadas em dados.
Dessa forma, para quem atua no mercado, as lições são claras:
- Não basta olhar o ativo, é preciso entender a estrutura do fundo.
- Analisar a cota júnior pode antecipar a percepção de risco.
- Foco em compliance e crédito estruturado gera resultado no longo prazo.
FIDCs continuam atrativos e os números provam isso
Assim, apesar do cenário desafiador, os FIDCs analisados superaram o CDI e o Ibovespa entre março de 2023 e março de 2025.
- CDI: 23,89%
- Ibovespa: 24,13%
- Cota Sênior: 37,26%
- Cotas subordinadas: chegaram a 58,79% de retorno no período
Sobre a Liberum Ratings
Com atuação focada em fundos estruturados, a Liberum Ratings aplica inteligência analítica e rigor técnico para classificar riscos de forma transparente e independente. Nosso compromisso é com a integridade do mercado e com a informação de qualidade.
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